Sei que cientificamente não é assim mas para mim ontem começou o Outono. Aquela aragem fria, todas aquelas folhas caidas arrastadas pelo chão. Toda aquela cor ocre misturada no cimento junto ao pneu dos automoveis. Tudo junto me fez lembrar o Outono.
Hoje ao vir para o emprego os raios de sol a incidir no vidro do automovel aquecendo-me as entranhas ainda mais me deram a mesma sensação.
Engraçado que até aos 15 anos não tive Outono. As folhas não caiam em Luanda e o vento anunciava apenas a tempestade que ai vinha, normalmente de Verão. Mas nem por isso, ou até por isso, é uma estação que gosto muito.
Entalada entre duas estações de forte personalidade o Outono é como se fosse uma espécie de ante-camara de alguma coisa. E eu adoro aquele momento que a coisa ainda não aconteceu. Uma certa azáfama antes de acontecer. Se é no Inverno que a terra descansa é no Outono que se prepara com agitação esse descanso.
Tudo o que importa está afinal no passado porque o presente é muito curto, e o Outono é esse presente. Temos todo o Inverno para recordar o Outono e é por isso que o recordo hoje, ainda antes do presente, mesmo antes de começar. Vã tentativa de esticar o presente, de esticar este Outono que começa cálido durante o dia e frio pela noite dentro.
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