Sábado, 28 de Abril de 2012

Agora é facil acreditar que a Internet é a maior tecnologia de todos os tempos. O dificil era há 15 anos atrás conseguir prever essa situação. Agora continua a ser fácil prognosticar que os Tablets desatronarão os livros. O dificil era há 5 anos atrás. Mas eu que acreditei na Internet há 15 anos atrás começo a parecer-me com um velho do Restelo ao não acreditar nesta última possibilidade. Acredito que os tablets acabem de entrerrar as revistas e jornais em papel mas não acredito que matem os livros. Os nossos queridos livros. Começando pelo fim não há maior prazer que acaber um livro. Chegar à última página, fecha-lo e coloca-lo na estante dos livros outra vez. Esse prazer não existe nos tablets. Depois o cheiro a papel, o folhear antes de completar a leitura, o volume do livro na minha mão, uns mais finos outros mais grossos, ir a uma livraria ou biblioteca e ver os livros expostos, organizados, só ver, apreciar os varios materiais de que são feitas as capas e passar a mão por cima, como quem acaricia... Mais do que ter esta exposição permite desejar, desejar todos os livros do mundo, "o desejo faz todas as coisas florescerem, a posse fá-las murchar" como dizia Proust.  Ler um livro através de um tablet é como fazer sexo sem amor, pode até pagar-se essa necessidade mas não se compara ao sexo com amor. Assim é ler um livro através do objecto livro. Enquanto houver quem deseje livros e amantes do livro/objecto como eu os livros não vão acabar. Este é o meu vaticinio. 



publicado por baldino às 13:54 | link do post | comentar | ver comentários (1)

No edificio Cirilo fui viver após a maternidade. De tal maneira o meu pai de tratava bem que ainda hoje o edificio é referenciado pela sua bela arquitectura. Inaugurado em 1958 foi em 1961 que o fui habitar. "O grande trabalho do arquitecto Vasco Vieira da Costa, em sociedade com Pereira da Costa foi o edifício Cirilo, construído na baixa de Luanda, na Rua hoje Major Kanhangulo, inaugurado em 1958, que é ainda hoje um grande trabalho, no quadro de um determinado período da arquitectura na África colonial", diz Fernando Pereira no seu Blog "Recordaçoes da Casa Amarela"

 



publicado por baldino às 13:52 | link do post | comentar

Casinha Branca

 

 

Casinha Branca

Maria Bethânia

 

Eu tenho andado tão sozinho ultimamente

Que nem vejo em minha frente

Nada que me dê prazer

Sinto cada vez mais longe a felicidade

Vendo em minha mocidade

Tanto sonho perecer

Eu queria ter na vida simplesmente

Um lugar de mato verde prá plantar e prá colher

 

Ter uma casinha branca de varanda

Um quintal e uma janela para ver o sol nascer

 

Às vezes saio a caminhar pela cidade

Procura de amizades

Vou seguindo a multidão

Mas eu me retraio olhando em cada rosto

Cada um tem seu mistério

Seu sofrer, sua ilusão



publicado por baldino às 13:41 | link do post | comentar

O que te peço, Senhor, é a graça de ser.

Não te peço mapas, peço-te caminhos.

O gosto dos caminhos recomeçados,

com suas surpresas, suas mudanças, sua beleza.

Não te peço coisas para segurar,

mas que as minhas mãos vazias se entusiasmem na construção da vida.

Não te peço que pares o tempo na minha imagem predilecta,

mas que ensines meus olhos a encarar cada tempo

Como uma nova oportunidade.

Afasta de mim as palavras

Que servem apenas para evocar cansaços, desânimos, distâncias.

Que eu não pense saber já tudo acerca de mim e dos outros.

Mesmo quando eu não posso ou quando não tenho,

Sei que posso ser, ser simplesmente.

É isso que te peço, Senhor:

A graça de ser de novo.

 

José Tolentino Mendonça (Pe, poeta, actor, autor, etc)



publicado por baldino às 13:31 | link do post | comentar

"Aqui estou eu: filosofia,
Medicina e Jurisprudência,
E para meu mal até Teologia
Estudei a fundo, com paciência.
E reconheço, pobre diabo,
Que sei o mesmo, ao fim e ao cabo!
Chamam-me Mestre, Doutor, sei lá quê,
E há dez anos que o mundo me vê
Levando, atrás de mim a eito
Fiéis discípulos a torto e a direito
E afinal vejo: nosso saber é nada
"

 

FaustoGoethe



publicado por baldino às 13:29 | link do post | comentar

Sexta-feira, 20 de Abril de 2012

Já ouviram a história do tipo que caiu de um arranha-céus abaixo?... 

À medida que passava por cada andar, dizia para os seus botões, para se tranquilizar:

"até aqui, tudo bem.. até aqui, tudo bem.."

Não importa como cais, mas como aterras."



publicado por baldino às 11:30 | link do post | comentar

"Vou para o Futuro como para um exame difícil; Se o comboio nunca chegasse e Deus tivesse pena de mim?... Partir! Nunca voltarei, porque nunca se volta; o lugar a que se volta é sempre outro".



publicado por baldino às 10:26 | link do post | comentar

Terça-feira, 3 de Abril de 2012

No outro dia lembrei-me do meu tio Zé Luis. Saudoso Tio sempre sorridente que nos fazia rir a todos.

Lembrei-me do bom dia em que o conheci e do mau dia em que o vi pela última vez.

Lembro-me que o conheci em Magoito agarrado à minha Tia Talina, sentado num muro feito de pedras pequeninas. eu devia ter uns dez anos e ele vinte e muitos. Lembro-me que como eu tinha perdido o pai muito cedo e não sei porquê essa era uma afinidade que nos ligou desde sempre.

 

Era muito bonito o meu Tio, por dentro e por fora.

 

Eu, menino da mamã, chegadinho de Luanda de férias, chorava porque os meus primos tinham gozado comigo. Por isso desistira de ficar com eles em Magoito e queria ir para Algés com a minha mãe. Então o meu Tio sentado no muro, tal como o estou a ver, convidou-me a ficar, que ia ser muito bom. E foi.. como foram as piadas dele com o Srº Gonçalves :) e a vez que vendo a sua fiel cadela Fany com falta de apetite se chegou a ela percebeu qualquer coisa e partiu ali mesmo um osso de galinha que ela tinha encravado na garganta. Era assim o meu Tio, bastante prático.

Mas hoje lembrei-me sobretudo de uma vez, um pouco mais velho, quando acordava de mais uma noitada em Magoito, e sentindo passos no quintal ao lado, vim à minuscula janela da casa de banho do meu primo e dei com o meu tio a cavar o jardim.

 

Meio a dormir ainda e com um olho fechado pelo sol  a bater-me na cara disse-lhe bom dia.

Diz o meu tio Zé Luis com aquele ar impávido: - Bom dia, que fazes tu logo de manhã ai com a casa pendurada ao pescoço?

 

Eh eh eh estejas onde estiveres bem hajas meu Tio porque me ensinaste a ser divertido em todas as ocasiões e sobretudo a interessar-me também pelos outros. 



publicado por baldino às 16:55 | link do post | comentar

mais sobre mim
posts recentes

Tecnologia a mais mete me...

Qual a diferença?

Nobreza Portuguesa

O discipulo

Permanecer

Agora é facil

Recordaçoes de Luanda III

Estado de espirito

Rezar com Maria em tempo ...

Fausto, Goethe

arquivos

Agosto 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Abril 2011

Fevereiro 2011

Dezembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

tags

2011 balanço

alberto caeiro

alcochete

bebe quiosque revistas social

carlos drummond andrade palavra mágica p

chile orcamento doclisboa howard jacobso

circo chen feira popular lisboa dezembro

fernando pessoa poema felicidade exige v

frankfurt

livro

luanda

magoito

outono

pessoa rossio alma

todas as tags

blogs SAPO
subscrever feeds