Agora é facil acreditar que a Internet é a maior tecnologia de todos os tempos. O dificil era há 15 anos atrás conseguir prever essa situação. Agora continua a ser fácil prognosticar que os Tablets desatronarão os livros. O dificil era há 5 anos atrás. Mas eu que acreditei na Internet há 15 anos atrás começo a parecer-me com um velho do Restelo ao não acreditar nesta última possibilidade. Acredito que os tablets acabem de entrerrar as revistas e jornais em papel mas não acredito que matem os livros. Os nossos queridos livros. Começando pelo fim não há maior prazer que acaber um livro. Chegar à última página, fecha-lo e coloca-lo na estante dos livros outra vez. Esse prazer não existe nos tablets. Depois o cheiro a papel, o folhear antes de completar a leitura, o volume do livro na minha mão, uns mais finos outros mais grossos, ir a uma livraria ou biblioteca e ver os livros expostos, organizados, só ver, apreciar os varios materiais de que são feitas as capas e passar a mão por cima, como quem acaricia... Mais do que ter esta exposição permite desejar, desejar todos os livros do mundo, "o desejo faz todas as coisas florescerem, a posse fá-las murchar" como dizia Proust. Ler um livro através de um tablet é como fazer sexo sem amor, pode até pagar-se essa necessidade mas não se compara ao sexo com amor. Assim é ler um livro através do objecto livro. Enquanto houver quem deseje livros e amantes do livro/objecto como eu os livros não vão acabar. Este é o meu vaticinio.
No edificio Cirilo fui viver após a maternidade. De tal maneira o meu pai de tratava bem que ainda hoje o edificio é referenciado pela sua bela arquitectura. Inaugurado em 1958 foi em 1961 que o fui habitar. "O grande trabalho do arquitecto Vasco Vieira da Costa, em sociedade com Pereira da Costa foi o edifício Cirilo, construído na baixa de Luanda, na Rua hoje Major Kanhangulo, inaugurado em 1958, que é ainda hoje um grande trabalho, no quadro de um determinado período da arquitectura na África colonial", diz Fernando Pereira no seu Blog "Recordaçoes da Casa Amarela"
Casinha Branca
Maria Bethânia
Eu tenho andado tão sozinho ultimamente
Que nem vejo em minha frente
Nada que me dê prazer
Sinto cada vez mais longe a felicidade
Vendo em minha mocidade
Tanto sonho perecer
Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde prá plantar e prá colher
Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal e uma janela para ver o sol nascer
Às vezes saio a caminhar pela cidade
Procura de amizades
Vou seguindo a multidão
Mas eu me retraio olhando em cada rosto
Cada um tem seu mistério
Seu sofrer, sua ilusão
O que te peço, Senhor, é a graça de ser.
Não te peço mapas, peço-te caminhos.
O gosto dos caminhos recomeçados,
com suas surpresas, suas mudanças, sua beleza.
Não te peço coisas para segurar,
mas que as minhas mãos vazias se entusiasmem na construção da vida.
Não te peço que pares o tempo na minha imagem predilecta,
mas que ensines meus olhos a encarar cada tempo
Como uma nova oportunidade.
Afasta de mim as palavras
Que servem apenas para evocar cansaços, desânimos, distâncias.
Que eu não pense saber já tudo acerca de mim e dos outros.
Mesmo quando eu não posso ou quando não tenho,
Sei que posso ser, ser simplesmente.
É isso que te peço, Senhor:
A graça de ser de novo.
José Tolentino Mendonça (Pe, poeta, actor, autor, etc)
"Aqui estou eu: filosofia,
Medicina e Jurisprudência,
E para meu mal até Teologia
Estudei a fundo, com paciência.
E reconheço, pobre diabo,
Que sei o mesmo, ao fim e ao cabo!
Chamam-me Mestre, Doutor, sei lá quê,
E há dez anos que o mundo me vê
Levando, atrás de mim a eito
Fiéis discípulos a torto e a direito
E afinal vejo: nosso saber é nada"
Fausto, Goethe
Já ouviram a história do tipo que caiu de um arranha-céus abaixo?...
À medida que passava por cada andar, dizia para os seus botões, para se tranquilizar:
"até aqui, tudo bem.. até aqui, tudo bem.."
Não importa como cais, mas como aterras."
"Vou para o Futuro como para um exame difícil; Se o comboio nunca chegasse e Deus tivesse pena de mim?... Partir! Nunca voltarei, porque nunca se volta; o lugar a que se volta é sempre outro".
No outro dia lembrei-me do meu tio Zé Luis. Saudoso Tio sempre sorridente que nos fazia rir a todos.
Lembrei-me do bom dia em que o conheci e do mau dia em que o vi pela última vez.
Lembro-me que o conheci em Magoito agarrado à minha Tia Talina, sentado num muro feito de pedras pequeninas. eu devia ter uns dez anos e ele vinte e muitos. Lembro-me que como eu tinha perdido o pai muito cedo e não sei porquê essa era uma afinidade que nos ligou desde sempre.
Era muito bonito o meu Tio, por dentro e por fora.
Eu, menino da mamã, chegadinho de Luanda de férias, chorava porque os meus primos tinham gozado comigo. Por isso desistira de ficar com eles em Magoito e queria ir para Algés com a minha mãe. Então o meu Tio sentado no muro, tal como o estou a ver, convidou-me a ficar, que ia ser muito bom. E foi.. como foram as piadas dele com o Srº Gonçalves :) e a vez que vendo a sua fiel cadela Fany com falta de apetite se chegou a ela percebeu qualquer coisa e partiu ali mesmo um osso de galinha que ela tinha encravado na garganta. Era assim o meu Tio, bastante prático.
Mas hoje lembrei-me sobretudo de uma vez, um pouco mais velho, quando acordava de mais uma noitada em Magoito, e sentindo passos no quintal ao lado, vim à minuscula janela da casa de banho do meu primo e dei com o meu tio a cavar o jardim.
Meio a dormir ainda e com um olho fechado pelo sol a bater-me na cara disse-lhe bom dia.
Diz o meu tio Zé Luis com aquele ar impávido: - Bom dia, que fazes tu logo de manhã ai com a casa pendurada ao pescoço?
Eh eh eh estejas onde estiveres bem hajas meu Tio porque me ensinaste a ser divertido em todas as ocasiões e sobretudo a interessar-me também pelos outros.
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