A vida levanta pó que se farta. ..o trabalho, os amigos, os amores... são as crianças e o casamento, os pais e os irmãos, os sonhos... (...) O pó dos dias leva a que imaginemos que a vida corre por si. .. (...) e obriga-nos a lamentar, quase para sempre, o quanto desejávamos transformar o pó dos dias numa manhã de sol. se pudéssemos... é claro!
Nem sempre querer é poder.
Muitas vezes quer-se e não se pode. A diferença está entre querer... e acreditar que se pode.
Sempre q acreditamos, os milagres acontecem. E aquilo q falta a quem quer (e não pode) é um "vai, que eu olho por ti". Alguém q, algures na nossa vida, nos tenha dado a suprema bondade de acreditar naquilo em q acreditamos, e de querer o q nós queremos, q transforma o querer em poder.
Em verdade, o truque esconde-se neste pequeno pormenor: quando se quer, ninguém consegue ir - mesmo q vá pelos seus sonhos - contra todos os q, afirmando q gostam de nós, jamais nos dizem: "vai, que eu serei a tua âncora" Ou "vai, q eu olho por ti". (Por vezes, dizem mesmo, embrulhado num silêncio cobarde: "se fores, deixo de olhar por ti").
Todos nós precisamos duma âncora para que os milagres aconteçam e, assim, se vença o pó dos dias. E talvez seja isso o que a vida tem de mais desconcertante: não são os ventos nem as marés, só as âncoras... nos permitem navegar.
Eduardo Sá. Chega-te a mim e deixa-te estar. 1ª edição. Setembro de 2005 Oficina do Livro
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