Lembro-me do Senhor Santos. Eu não tenho pai e confesso que os Srs Santos da vida me animavam bastante. Era uma troca justa. Eu não tinha pai e eles ainda nao tinham filhos. O Sr. Santos tinha um Fiat 128 Rally vermelho com uma lista preta em baixo e um leitor de "cartuchos" em cima. O leitor de cartuchos tocava Amalia Rodrigues e anedotas do Solnado. Acho que também cantava Opereta de vez em quando.E coisa do outro mundo, eu como melhor amigo ia no banco da frente. Óbvio que só nos dias de folga do Sr. Santos.
Coisa do outro mundo. Com ele eu era mais importantes que toda a gente. Ele era uma especie de responsavel de um restaurante chamado Katekero.
Um personagem timido mas engraçado, capaz de nos contar piadas que nos até entendiamos.
Casado com a deslumbrante Rosa Maria por cuja gravidez me apaixonei. Amiga da minha mãe.
O Sr. Santos, casado, mas ainda sem filhos, folgava à segunda feira e levava-nos a passear. Todo o santo dia de folga. Á caça dos passaros sem nome com uma pressão de ar "El Gamo" vinda da Metropole, daquela casa em Algés por baixo da tia Justina, que já foi também um restaurante chinês.
Quem nos levava para a caça na folga do Sr. Santos era o Fiat 128 Rally Vermelho. Barra do Cuanza (que agora é Kuanza), Morro dos Veados, sei lá eu. Lá iamos nós e o Fiat 128 Rally Vermelho, eu (à frente), a minha prima Cristina, o Julio e o Rui.
Também podiamos ir à pesca com a familia toda. Sempre à seguinda feira.
Como estou nostalgico apeteceu-me ver o Sr. Santos e a Rosa Maria.
A filha foi Simone porque não pode ser Katia. Graças a Deus que o registo não permitia na altura nomes arraçados de comunistas..
Nao acho justo nunca mais os ter visto. Eu o honorável padrinho.
A Simone dos belos olhos azuis da mãe, deve ter um, dois, três filhos que nao conheço. E o Sr. Santos imagino-o ainda a amar a bela Rosa Maria. A Rosa Maria que adorava festas e se sentia por isso bem em Luanda. Depois como todos, veio fugida para a metrópole. Metida na terra ali estagnou e a relaçao com o Santos a piorar.
Ainda tive a sorte de ver o casamento da Simone de quem era padrinho, mas nao soube mais nada de uma familia que foi minha também. Prometo que os vou procurar e encontrar. Falar muito do passado e do Fiat 128 Rally Vermelho.
Os meus primeiros compadres.
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